A nossa Experiência de Shinrin Yoku: Respirar a Floresta

Alguma vez fizeste uma sessão de Shinrin-Yoku, ou “banhos de floresta”?

Shinrin-Yoku é a palavra japonesa que simplesmente significa “respirar a floresta”: perderes-te nos odores e na paisagem que te rodeia, nos sons dos animais e do vento, no ar fresco e no sossego, especificamente com o propósito de melhorar a tua saúde e o teu bem-estar mental, emocional e até espiritual.

Era Dia de Halloween e os anos do Pipo. E depois de termos regressado a Toronto à cerca de 1 mês, ainda não tinhamos tido a oportunidade de sair da cidade.

Entrámos no carro do Nick essa manhã. “You haven´t really met Mother Nature until today”.

Chef, dono do seu próprio negócio em produção agrícola biológica desde 2014 e mestre em forrageamento pelas florestas canadianas, mas também meu primo doido pela Natureza, o Nick decidiu “apresentar-nos oficialmente” à Mãe Natureza, como ela se mostra aqui no Canadá.

Ficou decidido que íamos apanhar os nosso banhos de bosque no Parque de Killarney em Ontario, antes que a chegada do Inverno nos impedisse de o fazer até à Primavera.

O Parque fica a cerca de 5 horas de viagem de Toronto. Quem acha que isso fica no meio do nada (e fica), não sabe a beleza que o meio do nada pode oferecer.

O ar estava cada vez mais límpido, mas igualmente aguçado. Depois de umas horas no carro, parecia que o dia já estava a acabar. O dia escureceu rapidamente à medida que continuávamos rumo ao Norte. O relógio indicava 13:00, mas quem olhasse para a rua podia jurar que já era o final da tarde.

As cores mais vibrantes que alguma vez possas imaginar numa árvore estavam presentes em cada folha. Onde não houvesse vermelho, marrom, amarelo, laranja e roxo das árvores caducas, víamos o verde vibrante das árvores persistentes.

Por muito que eu tentasse, o video simplesmente não captava o que estávamos a ver através da janela do carro.

Os meus óculos também não ajudaram. Inicialmente senti-me frustrada. Já tenho estes óculos à quase 10 anos e a graduação está um pouco desatualizada. Não estava a conseguir focar bem a imagem para poder absorver todos os pormenores, todas as linhas e todas as cores.
Mas depois apercebi-me de como estava a ser tola. Se aquilo que eu consegui ver já era tão lindo, então imagina quanto mais beleza há para contemplar. Em vez de ser a garota que chora porque não consegue comer os doces todos da loja, passei o resto do dia em êxtase por ter esta “loja de doces” ao meu dispor, mesmo não conseguindo captar todos os pormenores como eu queria.
Não há razão de queixa quando há tanta beleza que nem a miopia nem astigmatismo diminuiram o seu esplendor e a minha admiração 😉

Ao longo da estrada, mesmo vendo de relance a 100km/h, vi dezenas e dezenas de Inukshuks.

Inukshuks são monumentos de pedra, construidos pelas tribos articas Norte-Americanas e frequentemente se assemelham à forma humana.

Inukshuks são monumentos Nativo-Americanos das tribos articas

Imagem de: www.nunacor.com

Servem tanto de monumento artistico destas tribos como, e principalmente, marcos na paisagem que indicam os trilhos de migração, indicadores de bons lugares de caça ou pesca, ou simplesmente um ponto de referência nos meses quando tudo o resto está coberto com um manto de branco.

Virados para a via rápida, suspiravam “Não estás sozinho”.

Fiquei feliz por ver esse simbolo nativo americano a pintalgar a paisagem, até o Nick nos ter informado que a maior parte destes “Inukshuks” não são genuinos, mas antes feitos por qualquer um que se lembre à beira das estradas, nos parques naturais e florestas, e que se têm tornado um problema, particularmente na identificação e preservação do património e cultura nativa.

 

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Conheço muito pouco acerca da cultura nativa Norte Americana e estes grupos ainda hoje sofrem a extinção da sua cultura e estilo de vida.

Apropriação cultural parece inevitável num mundo onde todas as culturas estão expostas umas às outras mas a partilha cultural aberta ainda é tabu.
Apropriação cultural, ou aculturação, é simplesmente quando pegas num elemento cultural exterior ao teu e o absorves e/ou modificas.
Como os milhares de lombos femininos tatuados com o simbolo “Ohm” durante a última onda de New Age e de filosofias Orientais..
Pegar num simbolo já existente “and make it your own” é a coisa mais natural do mundo. Os seres humanos usam rituais e simbolos para nos mantermos conectados como um ser espiritual e como uma comunidade humana, e se te identificas com a imagem de um Buddha, ou até com um Inukshuk, quer apenas dizer que te identificas com a mensagem associada a esse símbolo.
Portanto, nada mais natural do que haverem algumas pessoas usarem simbolos de outras culturas de forma potencialmente inapropriada, ofensiva ou prejudicial, mas não necessariamente de propósito, principalmente quando é dificil partilharmos diferenças culturais, étnicas, e religiosas de uma forma aberta e sem TABU.
Mas Hitler pegou num simbolo milenar de abundância e prosperidade de origem Oriental, girou-o um bocadinho e tornou-o no que hoje chamamos a Suástica Nazi. Hoje em dia, apesar destas suásticas fazerem parte de monumentos e arte oriental à milhares de anos, ANTES de Hitler se ter apropriado do simbolo, hoje quase toda a gente pensa que é um simbolo de morte, de guerra, de preconceito.Estás a ver os danos que apropriação cultural pode causar?

 

Parece que ainda não aprendemos.
Existem muitas formas de destruir cultura. ISIS usa bombas. O resto do mundo usa outras ferramentas mais “discretas”, como a globalização, para diluir a diversidade cultural de um país ou de um continente inteiro, como aconteceu, e continua a acontecer, pelo este mundo fora.

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Disparámos rumo à floresta assim que estacionámos o carro.

Qual almoço qual carapuça!

De jejum, com um chupa-chupa de seiva de ácer cada um para um toque extra de energia açucarada, embrenhámo-nos pelo bosque adentro.

Procurámos cogumelos silvestres (mais especificamente a variedade Chanterelle, que são uma autêntica delícia), evitámos os ursos – não posso dizer o mesmo relativamente à bosta do mesmo, com que nos deparámos ao longo dos trilhos – e vimos paisagens que têm inspirado artistas canadianos à gerações.

Nunca tinha visto um bosque cor-de-rosa e a vivacidade da cor não parecia natural. Não conseguia parar de olhar para granito cor de rosa que domina este parque.

Esteve a chover todo o dia mas nós nem demos por ela. E estivemos o dia todo sem comer, mas entre tudo o que havia para explorar e os chupa-chupas, só demos pela fome que tinhamos quando nos sentámos de novo no carro lá pelas 6 da tarde.

 

O silêncio na floresta era tão denso que eu podia estar a 4 metros do Filipe e tinha que falar mais alto para me fazer ouvir. Por causa disso, fazíamos questão de fazer barulho de vez em quando para evitar surpreendermos algum urso com a nossa presença. Prefiro assustar vida selvagem do que ser vitima dela.

Shinrin-Yoku é japonês para “respirar a floresta” ou “apanhar banhos de bosque”. Como quem apanha banhos de sol para a saúde, entretenimento e bem-estar, não te esqueças de passear pela Natureza regularmente, e tira o melhor proveito dos efeitos terapeuticos e revitalizantes que andar pela floresta têm no teu corpo, mente e espirito.

Até a próxima aventura,

Rute Gabriel

 

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