POLICULTURA POLINIZADORA – para POMARES, QUINTAS, QUINTAIS e JARDINS.

Temos o prazer e a honra de ter autorização do Permaculture Research Institute para traduzir para PORTUGUÊS o conteúdo fantástico que eles disponibilizam no blog deles. Achamos o conteúdo deles valiosíssimo e achamos que mesmo quem não sabe Inglês MERECE ter acesso a esta informação. Espero que gostes.


Artigo original em inglês por Paul Alfrey

Paul Alfrey do Projeto de Ecologia Balcã apresenta uma policultura para fornecer apoio de polinização para quintas e jardins, que rende fruta e nozes nutritivas, espaços de nidificação para abelhas nativas em risco, e exibições espetaculares de flores para alegrar depois do Inverno.

Estamos a estender o nosso Projeto de Policultura para incluir policulturas perenes experimentais. O nosso golo é desenvolver modelos que sejam de baixo custo a estabelecer e manter, possam produzir comida saudável, nutritiva, e acessível, e que aumentará a biodiversidade.

Esta Primavera vamos incluir a Policultura Primaveril Polinizadora como apresentada aqui.

Como o nome sugere, o objetivo primário da Policultura Primaveril Polinizadora é fornecer, no inicio da estação, uma fonte de pólen/néctar para uma vasta variedade de insectos polinizadores. A maioria das plantas nesta policultura florescem quando ainda existem poucas outras fontes de nectar/pólen disponíveis.

Isto encoraja os insectos polinizadores para dentro e em redor das nossas hortas e jardins para cumprirem o seu papel vital quando o cultivo (em particular as árvores de fruto) começarem a dar flor no início da Primavera.

A policultura também fornece uma fonte de produção no seu próprio direito, e com a escolha correta de espécies e cuidados, deve render grandes quantidades de fruta e nozes, assim como habitat para uma vasta gama de vida selvagem e polinizadores.

[…]

Policultura Polinizadora desenvolvido por Balkep (Projeto de Ecologia Balcã)

PERIODO DE FLORAÇÃO

Todas as espécies incluidas na policultura, com exceção do Trifolium Repens – Trevo Branco, florescem durante os meses de Janeiro-Março e fornecem forragem valiosa de néctar e pólen para abelhas e outros agentes polinizadores durante esta época.

Espécies em consorciação na Policulura Polinizadora, em Flor

 

CONSIDERAÇÕES NO DESIGN

 

1. Objetivos do Design 

 Assim como apoio na polinização, habitat selvagem e produção alimentar, os objetivos de design incluí:

Que a policultura seja funcional em lugares marginais, por ex: áreas sombrias, solos de baixa fertilidade, áreas expostas ao vento. A Policultura Primaveril Polinizadora é primáriamente uma policultura de suporte ao fornecer as culturas principais com apoio na polinização, por isso podemos não querer localizá-la na terra mais produtiva.

Que a policultura necessite de investimentos financeiros e de tempo relativamente baixos. Uma vez estabelecida, a policultura deve exigir pouca ou nenhuma necessidade de fertilização exterior e aproximadamente 5-7 horas de manutenção por ano no final do Outono (não inclui colheita). Manutenção e gestão desta policultura é discutida mais abaixo.

Que a policultura possa ser usada a uma escala pequena ou grande. O design apresentado acima represente uma unidade e pode funcionar bem sozinha em qualquer jardim. Múltiplas unidades desta policultura podem também ser usadas em pomares e quintas para fornecer uma melhor polinização das culturas. (ver opções de disposição abaixo)

 

2. Luz e Orientação 

Todas as plantas incluidas toleram alguma sombra ou utilizam luz quando outras plantas não a necessitam tanto. A policultura pode, por isso, ser posicionada em áreas marginais com níveis de luminosidade mais baixa enquanto ainda servindo um propósito. No entanto, se quiseres obter atração de polinizadores máxima e uma produção mais elevada de fruta e nozes, escolhe um local com pelo menos 6-8 horas por dia e com uma orientação Este-Oeste.

3. Água

Irrigação ideal é chave para plantas produtivas e saudáveis. Esta policultura não é adequada a terras semi-pantanosas e áreas com um lençol freático alto (ou muito superficial) e não vai prosperar em áreas muito secas sem acesso a irrigação.

Em climas secos, irrigação será essencial, mas escolher o posicionamento da policultura para maximizar a absorção de água da chuva vai ajudar consideravelmente e pode ser conseguido plantando em curva de nível na topografia do terreno e aplicando terraplanagem simples para reter a água da chuva perto das raízes das plantas.

Todas as espécies são relativamente tolerantes a seca mas as árvores de fruto não terão uma produção alta sem irrigação apropriada.

4. Acesso

Acesso dentro da policultura é necessário para podar, mondar e a colheita. Dois caminhos de 50 cm de largura a atravessar a guilda e paralelos um ao outro pode dar acesso necessário. A periferia da policultura deve também ser acessível do exterior.

5. Habitat de Polinizadores

Abelhas nativas são extremamente importantes e são uma das espécies mais ameaçadas de extinção nos nossos ecossistemas. Incluir habitat para as abelhas viverem, assim como fornecer forragem de qualidade é essencial. Apropriadamente, esta policultura inclui habitat de nidificação para abelhas, mas ter outros habitats semelhantes em redor de um local é recomendado.

6. Seleção de Espécies

A nossa seleção de variedades tem em consideração o seguinte:

  • Compatibilidade climática com o local
  • Tolerância a seca
  • Tolerância a sombra
  • Fonte temporã de nectar/pólen
  • Outros benefícios à vida selvagem e produção para humanos
  • Períodos de floração que não tenham uma sobreposição significante com as culturas no local.
  • Espécies de arbustos que respondam bem a cortes e podas regulares.
7. Proximidade com culturas

Abelhas recolectam onde existir alimento de alta qualidade e viagens mais curtas são mais seguras e mais energéticamente eficientes para todas as abelhas. Estudos mostram que abelha meleira – Apis spp. fazem viagens de recoleção muitos quilómetros de distância das suas colmeias. Zangões – Bombus spp. e outras espécies de abelha mais solitária tipicamente ficarão a distâncias mais curtas, de acordo com alguns relatórios, entre os 100-800m.

Abelhas e Polinizadores (foto de Peter Alfrey)

 

Visto que há pouco consenso dentro dos estudos feitos ao comportamento recoletor dos polinizadores, é dificil dizer a que distância das culturas e com que densidade esta policultura deve ser colocada para atingir os melhores resultados de polinização.

Como guia presumível, em áreas que carecem de habitat e alimento apropriado, estabelece um raio de 100-300m e em áreas onde já existem boas condições de alimento cedo na estação e habitação para polinizadores, estabelece um raio benéfico de 500-1000m.

Nunca se pode ter demasiado alimento para polinizadores no início da Primavera, mas é possível ter alimento a menos. Prioridades como orçamento e tempo, e as variedades das culturas a ser semeadas são outros factores que irão guiar as tomadas de decisão relativamente a quantidade e a densidade.

É de salientar que plantas competem pela atenção dos polinizadores e por esta razão o período de floração das plantas na policultura não devem sobrepor-se significativamente com a floração das culturas.

 

LOCALIZAÇÃO/PLANO

A unidade de policultura apresentada acima funciona bem sozinha em qualquer jardim. Unidades múltiplas desta policultura podem ser usadas em pomares e quintas para providenciar melhor polinização para as culturas. Abaixo encontra-se 3 sugestões de planos de disposição para uma aplicação ampla desta policultura: em canteiros, ilhas ou corredores.

1. Disposição em Canteiros

A policultura pode ser plantada no interior de uma vedação ou ao longo de um caminho de forma a “abraçar” o pomar, quinta, etc, na sua totalidade, ou para delimitar subdivisões no terreno. Sendo composto por plantas tolerantes a sombra, a policultura irá, até certo ponto, funcionar independentemente da orientação. Cada unidade como ilustrada acima pode ser repetidada para criar uma borda ou fronteira.

Canteiro Marginal

2. Disposição em Ilha

A disposição em ilha espalham as unidades pelo terreno. Para terrenos já desenhados/estabelecidos as ilhas podem ser colocadas nos locais de acesso mais difícil como cantos, áreas de pouca luminosidade ou de valor marginal, ou na periferia de culturas que mais beneficiariam da melhoria da polinização.

Disposição em Ilhas

3.  Disposição em Corredor

A disposição em corredor implica a plantação das policulturas em sistemas de pomar linear ou corredor em intervalos entre as principais plantações e culturas. Por exemplo, um pomar de macieiras ou pereiras pode ter, a cada 10 linhas, uma composta por estas unidades de polinização precoce.

Disposição em Corredores

Vamos dar uma olhadela mais próxima às espécies envolvidas, e à manutenção e gerência necessárias para esta policultura.

[fancy_box id=6]NOTA: Ao ler alguns aspetos deste artigo, há que ter em conta que não foi escrito para Portugal. A informação aqui retida é traduzida por nós para português de autores estrangeiros que, ao escrever e desenvolver estes modelos, tiveram em conta as espécies e clima da sua própria região, pelo que te pedimos que consultes esta informação útil mas que consideres que pode ser necessário ajustar alguns componentes desta policultura à tua região.

Para facilitar a transição de conteúdo de permacultura não só em português, mas ajustada às necessidades e possibilidades de Portugal, foi feita a tradução nos nomes das espécies para os nomes comuns em português – no entanto, é sempre importante confirmar a espécie utilizando o nome científico – que mantivemos para referência.[/fancy_box]

OS COMPONENTES DA POLICULTURA

Eu dividi a policultura em 5 componentes baseados no propósito que cada componente serve.

1. Árvores e Arbustos de Fruto
2. Cobertura de Solo
3. Flores de Bolbo de Primavera
4. Plantas de fertilidade
5. Habitat para Polinizadores

 

1. ÁRVORES E ARBUSTOS DE FRUTO – OS COMPONENTES DA POLICULTURA

Esta componente de árvores e arbustos de fruto incluem Cornus mas e Corylus Avellana para a copa superior, e Chaenomeles speciosa e Mahonia japonica na camada da copa inferior/arbustos e são as principais unidades de produção na guilda. Com uma boa seleção de cultivares estas plantas podem fornecer rendimentos de excelentes frutas e nozes.

CORNUS MAS – CORNISO

Sobre a Espécie – Cornus mas é uma das minhas plantas favoritas. O zumbir das abelhas sob os Cornisos num dia de sol no final do Inverno é apenas uma das razões porque adoro esta espécie. É uma árvore de médio porte, resistente ao frio e uma excelente melífera, produzindo uma magnanimidade de flores ricas em néctar de Fev-Março. A árvore auto-poliniza-se e as flores transformam-se em lindas frutas tipo uva no final do Verão, deliciosas quando bem maduras.

Cornus Mas durante as 4 estações no projeto de Paul

Usos: Fruta excelente quando madura e muito boa para fazer xaropes e cordiais. Análise nutricional indica que os sumos de corniso são ricos em vários em vários sais minerais e pode ser considerado um valioso suplemento mineral nas dietas das pessoas. Existem alguns cultivares disponíveis com fruta maior e mais doce.

As sementes podem ser tostadas, pulverizadas e usadas como um substituto de café e uma pequena quantidade de óleo comestível pode ser extraído da semente. Uma tinta é conseguida através da casca e as folhas são uma boa fonte de taninos. A madeira é muito dura, e é muito valorizada pelo seu uso no fabrico de ferramentas, peças de maquinaria, etc. Nós usamos os galhos para alimentar coelhos e cabras todo o ano.

Biodiversidade – Uma das árvores de floração mais precoce, atraíndo um vasto leque de invertebrados polinizadores de Fevereiro-Março. […]

Para mais info sobre esta planta [em inglês] Cornelian Cherry plant profile ou aqui em português.

 

CORYLUS AVELLANA – AVELEIRA

Sobre a Espécie– Um arbusto de folha caduco e crescimento rápido, com folhas arredondadas, produzem umas flores macho amarelas no início da Primavera, seguidos de nozes deliciosas no Outono. Tipicamente atingem 3-8 metros de altura mas podem atingir 15 metros de altura.

Aveleira – Corylus Avellana

Usos: Tem uma das melhores nozes de clima temperado, comidas cruas ou tostadas. A madeira da aveleira também é frequentemente utilizada. É uma madeira macia, fácil de trabalhar mas não muito duradoura, pelo que é utilizada maioritariamente na produção em pequenas partes de mobiliário, cestaria, vimes, etc. A árvore é muito adequada ao copeamento (inglês» coppicing). Os galhos mais verdejantes podem ser usados para alimentar coelhos e cabras todo o ano. As nozes também contém 65% de um óleo que não seca que pode ser usado em tintas, cosmética, etc. As sementes moídas em farinha são usadas como ingrediente em máscaras faciais de cosmética.

[fancy_box id=6] NOTA:Copeamento pode não ser o termo técnico correto para o termo inglês de coppicing. À medida que vamos encontrando termos técnicos de permacultura com traduções obscuras em português, deixamos disponível a melhor tradução possível presentemente, que verá melhorias à medida que encontramos os termos técnicos correctos.

O que é COPPICING ou POLLARDING? Consistem em técnicas de podar árvores que permite a colheita contínua de madeira das mesmas árvores enquanto a mantemos saudáveis, durante séculos ( no Reino Unido existem florestas de aveleiras centenárias graças à aplicação destas técnicas de poda já nos tempos medievais). Estas árvores produzem uma fonte de madeira durante muitas gerações enquanto melhora o estado do habitat da vida selvagem e das espécies de plantas nativas.

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Biodiversidade – As flores macho da aveleira carregadas de pólen podem aparecer para os polinizadores tão cedo como finais de Janeiro a meados de Março. As folhas da aveleira são fonte de alimento para lagartas de muitas espécies de borboletas e traças. As avelãs servem também de alimento para os roedores antes do período de hibernação, e na primavera as folhas alimentam as lagartas que por sua vez também são alimento para os roedores. As avelãs podem também servir de alimento para pica-paus, trepadeiras, chapins, pombos-torcaz, gaios, e uma variedade de pequenos mamíferos.

Para mais sobre esta planta (em inglês) vê este Perfil da Aveleira, ou aqui para referências em português.

 

CHAENOMELES SPECIOSA – CIDÓNIA OU MARMELO JAPONÊS

Sobre a Espécie – Um arbusto espinhoso, de folha caduca ou semi-caduca nativa da Ásia Oriental, atinge uma altura de cerca de 2 metros, e é variável na sua forma. As plantas estabelecem uma coroa muito densa de ramos embrulhados que são algo espinhosos. As flores aparecem antes da folhagem e são normalmente vermelhas, mas também existem em branco e cor derosa. O fruto é fragrante e é parecido com uma pequena maçã, com algumas variedades contendo um fruto mais parecido com uma pêra. As folhas não mudam de cor no Outono.

Chaenomeles speciosa – Marmelo Japonês

 

Usos – Os frutos não são muito bons para comer, e como o marmelo, são muito rijos, mas após uma temporada de frio eu reparei que o marmelo japonês amolece o suficiente para espremer como um limão, e o seu sumo, sendo muito ácido, é um bom substituto ao sumo de limão na cozinha. Outro benefício deste fruto é que possuem um aroma delicioso e algo viciante que permanece durante dias, semelhante ao aroma a ananás, limão e baunilha. Deixamos os frutos no carro ou numa sala como um ambientador natural.

Biodiversidade – As flores são atractivas a uma variedade de invertebrados que buscam néctar e pólen entre Março e Abril, por vezes até em Fevereiro. Com podas regulares os arbustos tornam-se densos e providenciam um habitat de nidificação para aves como a carriça – Troglodytes troglodytes, a felosa-comum – Phylloscopus collybita e o pisco-de-peito-ruivo – Erithacus rubecula. As dietas destas aves incluem algumas pestes que atacam certas culturas vegetais e podem agir como um controlador de pragas.

Para mais informação sobre Chaeonomeles spp. vê este artigo (em inglês) aqui, ou aqui para referências em português.

MAHONIA AQUIFOLIUM – UVA-DE-OREGON OU MAÓNIA

Sobre a Espécie – Um pequeno arbusto fantástico, tolerante a sombra e de folha persistente que cresce a 1 metro de altura por 1.5m de largura. Lida com uma grande variedade de solos e prospera em áreas ensombradas onde outras plantas sucumbiriam. É resistente a secas de verão e tolera vento. A planta produz cachos de flores amarelas no início da Primavera, seguidas de bagas negro-azuladas. Uma vez que a planta está estabelecida é muito vigorosa e produz muitos rebentos laterais da sua base.

Mahonia aquifolium – Uva-de-Oregon

Usos – As pequenas bagas escuras podem ser utilizadas para doces, jeleias e sumos que podem ser fermentados para fazer vinho. A casca interna dos ramos e raízes maiores da Uva-de-Oregon produzem uma tinta amarela; as bagas produzem uma tinta roxa. As folhas persistentes semelhantes ao azevinho são por vezes usadas por floristas como uma linda adição aos bouquets. É um excelente arbusto de sob-copa para áreas de muita sombra.

Biodiversidade – Uma fonte precoce excelente de néctar para abelhas. O néctar e pólen podem ser aproveitados por  toutinegra ou papuxas, chapins e pardais. As bagas são comidas por melros e tordoveias. É um bom alimento para lagartas.

Para mais sobre esta planta (em inglês) vê o perfil da Mahonia ou clica aqui e aqui para referências em português.

ÁRVORES E ARBUSTOS DE FRUTO – MANUTENÇÃO DE UNIDADES

A tabela abaixo indica a quantidade de árvores e arbustos por unidade e alguma informação sobre como estabelecer e manter esta componente da policultura.

 

1. Os Componentes da Policultura – Árvores e Arbustos de Fruto

 

2. COBERTURA DE SOLO – OS COMPONENTES DA POLICULTURA

As plantas de cobertura de solo inlcuem Primula Vulgaris – prímulas ou primaveras e Bellis Perennis – margaridas, ambas herbáceas perenes com hábitos de crescimento e propagação baixos que, ao longo do tempo devem formar áreas de cobertura sob e em redor das árvores e arbustos. Uma boa cobertura de solo irá prevenir plantas indesejadas de invadirem o espaço e protege o solo da erosão.

 

PRIMULA VULGARIS – PRÍMULAS OU PRIMAVERAS

Sobre a Espécie – Uma herbácea perene, amante de clareiras e margens húmidas e frescas, e prospera no chão de bosques “copeados” onde podem formar um tapete incrivelmente atraente. Esta espécie prefere solos húmidos, com muita sombra no verão. Quanto mais quente e seco o clima, mais sombra será necessária. A seca de verão não é problemático desde que tenham acesso a bastante humidade no Outono e no ínicio do ano.

Primula vulgaris – Primaveras sob os cornisos no projeto de Ecologia Balkan

Usos: Tanto as flores como as folhas são comestíveis, com o sabor a abranger entre uma alface leve e verduras para salada mais amargas. As folhas também podem ser usadas para chá, e as flores jovens podem ser usadas para fazer vinho de primaveras.

Biodiversidade – Primaveras são uma das primeiras flores da estação primaveril. Podem ser encontradas a florescer em nichos mornos e abrigados tão cedo como meados de Janeiro, apesar da maioria florescer de Março a Maio. Por florescerem tão cedo na estação, sáo uma fonte vital de néctar numa altura quando existem poucas outras flores disponíveis para alimentar os polinizadores como a borboleta Gonepteryx rhamni que hibernam durante o Inverno e emergem nos dias invernais mais amenos.

Para mais sobre este planta (em inglês) vê o perfil da Primula Vulgaris ou clica aqui e aqui para referências em português.

BELLIS PERENNIS – MARGARIDAS

Sobre a Espécie – Uma pequena herbácea perene, abundante e rasteira com flores brancas e centros amarelos e tom rosáceo, que aparece durante a maior parte do ano, com exceção de climas de geadas e congelamento. A planta normalmente coloniza prados rasteiros, clareiras e relvados.

Bellis Perennis – Margaridas a crescer no nosso relvado

Usos: Pode ser usada como uma erva culinária e as folhas jovens podem ser ingeridas cruas em saladas ou cozinhadas, tendo em consideração que as folhas são mais adstringentes quanto mais velhas forem. Os botões e pétalas podem ser comidas cruas em sandes, sopas e saladas. Também são usadas em chás e como um suplemento vitamínico. Medicinalmente, a planta é conhecida pelas suas propriedades curativas e pode ser usada em pequenas feridas, chagas e arranhões para acelerar o processo de cura. O hábito de propagação desta planta faz dela uma boa opção para cobertura de solo.

Biodiversidade – Uma adição valiosa a pastos geridos pela sua variedade de flores silvestres e vida selvagem, chamando a atenção dos polinizadores quando poucas outras fontes de pólen e néctar se enconrtam disponíveis.

Para mais sobre esta planta (em inglês) vê o Perfil da Bellis perennis ou clica aqui para referências em português.

COBERTURA DE SOLO – MANUTENÇÃO DE UNIDADES

A tabela abaixo indica a quantidade de cobertura de solo por unidade e alguma informação sobre como estabelecer e manter estes componentes da policultura.

 

2.Componentes da Policultura – Cobertura de Solo. Esquema de plantação: intercalar as espécies entre as árvores e arbustos.

 

3. FLORES DE BOLBO (DE INÍCIO DE PRIMAVERA) – COMPONENTES DA POLICULTURA

Estas flores de bolbos precoces florescem em Janeiro – Fevereiro, tirando partido da luz que jorra através da copa nua das árvores e arbustos de folha caduca. Estas plantas oferecem recompensas de néctar e pólen aos polinizadores que se aventurem dos dias mais amenos do final do Inverno.

Os bolbos também servem para reter nutrientes na rizosfera, os primeiros 10-20cm de solo de onde a maior parte das plantas se alimenta e onde existe a maior parte da actividade microbiológica do solo. Fazem-no absorvendo nutrientes que de outra forma teriam sido levados por lixiviação do solo pelas chuvas de Inverno e o derreter das neves, e fixando esses nutrientes nas suas folhas e flores.

Quando a planta murcha e se decompõe na Primavera, mesmo quando as outras plantas estão a acordar da dormência do Inverno, o tecido é assimilado de volta para a rizosfera, para eventualmente se tornar de novo disponível para outras plantas.

Podes considerar estas plantas uma reserva de nutrientes, prevenindo minerais de serem removidos do solo e guardando-os para a posteridade, quando são necessários. Seleccionámos 3 plantas nativas regularmente encontradas nos bosques e orlas na nossa área.

[fancy_box id=5]Nota do tradutor: Apesar destas espécies serem nativas da Europa, não são necessariamente nativas de Portugal. As flores de bolbo foram um desafio particular durante a tradução, porque, com exceção da Scila Alpina, não encontrei nomes comuns em português para as restantes espécies de bolbo, pelo que presumo que não sejam comuns em Portugal.

Substituições destas espécies para flores de bolbos mais comuns ou até autóctones de Portugal como a Iris subbiflora, Iris xiphium xiphium (Maios) e Urginea marítima (Cebola-albarrã) pode ser a melhor alternativa para adaptar este modelo de policultura em Portugal. Em Portugal, os bolbos de Primavera mais populares são as Túlipas, os Narcisos, os Jacintos, os Crocus, os Alliums. Também os Amarílis e os Íris.

Aqui tens o catálogo geral das Sementes de Portugal, onde encontras uma lista de espécies de bolbo autóctones disponíveis e fáceis de adquirir.[/fancy_box]

 

SCILLA BIFOLIA – CILA ALPINA

Sobre a Espécie – Uma herbácea perene que brota de um bolbo no subsolo. Nativa da Europa e Rússia Ocidental, e daí a sul desde a Turquia à Síria. A planta é encontrada em áreas sombrias, bosques de faia ou de árvores caducas, e pradarias de montanha.

Scilla bifolia – Scila Alpina a creser por entre a manta de folhas mortas de um bosque

 

Usos: Não consegui encontrar muita informação referente a esta minúscula beleza. Cresce por todas as áreas florestadas na nossa região e herdámos pequenos aglomerados no nosso jardim, talvez cultivados das variedades silvestres pelos donos anteriores. Encontrei um relatório dizendo que a ingestão pode causar severo desconforto, portanto duvido que saibam tão bem como aparentam 🙂

Biodiversidade – Boa fonte de néctar para polinizadores quando poucas outras plantas estão em flor.

Para mais sobre esta planta (em inglês) vê o perfil da Scilla bifolia 

GALANTHUS GRACILIS

Sobre a Espécie – Bolbos que florescem no inicio da Primavera, por vezes até emergindo sobre o manto de nave no final no Inverno, fornece uma muito bem-vinda fonte de alimento para abelhas e outros polinizadores. É popular como uma flor ornamental, são frequentemente colocadas em jardins e parques, mas são também uma excelente escolha para o chão de um bosque.

Galanthus gracilis no jardim

Usos: Esta planta tem propriedades inseticidas e podem ser usadas no controlo de pragas das ordens Coleoptera (besouros), Lepidoptera (borboletas e traças) and Hemiptera (que inlcui pulgões, afídios, percevejos e cigarras). Esta espécie contém um alcalóide, galantamina, (também presente em narcisos, como podes ver na pág.23 deste documento) substância aprovada para uso de gestão de Alzheimer em vários países. A planta e o bolbo são tóxicos para humanos e não devem ser consumidos.

Biodiversidade: Galanthus Gracilis são polinizadas por abelhas durante os meses de Fevereiro e Março. As minúsculas sementes brancas produzem substâncias que atraem formigas. Estes insectos coleccionam e transportam as sementes através dos seus túneis subterrâneos.

Para mais sobre esta planta (em inglês)  Perfil de Galanthus gracilis

 

CORYDALIS BULBOSA – (CORYDALIS CAVA)

Sobre a Espécie – Uma planta de bolbo perene subtil mas incrivelmente bela, que floresce a partir de Fevereiro. Uma planta efémera primaveril com folhagem que surge na Primavera e murcha até às suas raízes tuberosas no Verão. A planta espalha-se eforma um lindo tapete branco a roxo.

Corydalis bulbosa a atravessar a manta morta da Floresta

Usos: Uma boa escolha para margens, estratos mais baixos do jardim ou um jardim silvestre. É uma planta utilizada como analgésico na Medicina Chinesa à mais de 1000 anos. A raíz é utilizada internamente como um sedativo para insónia e como estimulante e analgésico, especialmente para dores menstruais fortes ou traumatismos. Deve ser exercido cuidado quando usada esta planta para fins medicinais, pois já foi reportada como tóxica.

Biodiversidade – Uma fonte segura e precoce de alimento para abelhas. Corydalis spp. são também fontes de alimento para algumas espécies de borboleta, especialmente a Parnassius mnemosyne

Para mais sobre esta planta (em inglês): Perfil da Corydalis bulbosa ou aqui para sinonímias em português desta espécie

FLORES DE BOLBO PRIMAVERIS – MANUTENÇÃO DE UNIDADES

A tabela abaixo indica a quantidade de bolbos primaveris por unidade e alguma informação sobre como estabelecer e manter este componente da policultura.

 

 

3. Componentes da Policultura – Flores de Bolbo

 

4. PLANTAS DE FERTILIDADE – COMPONENTES DA POLICULTURA

As plantas para fertilidade incluem duas espécies fixadoras de azoto muito diferentes. A primeira é Alnus Cornata (Amieiro de Nápoles), uma árvore que pode atingir os 25m de altura mas que deve ser mantida como um pequeno arbusto dentro desta policultura. Podada a cada Outono, a biomassa pode ser deixada na base de árvores de fruto vizinhas. A segunda planta, Trifolium Repens (Trevo Branco) é uma herbácea perene rastejante que pode ser semeada nos caminhos, cortada anualmente e aplicada como alfombra na base das árvores de fruto.

Para mais sobre plantas fixadoras de azoto e como funcionam (em inglês) consulta este artigo.

ALNUS CORDATA – AMIEIRO DE NÁPOLES

Sobre a Espécie – Uma árvore de médio porte que pode atingir alturas de 25 metros. É de folha caduca, mas com uma longa época de folhagem, de Abril a Dezembro. Como outros membros do género Alnus, consegue captar azoto do ar. Prospera em solos muito mais secos que a maioria dos outros amieiros, e cresce rapidamente mesmo sob circunstâncias desfavoráveis, o que torna o Amieiro de Nápoles extremamente valioso em paisagismo em solos pobres e severamente compactados.

Usos: A árvore é por vezes utilizada para propósitos ornamentais em grandes jardins e parques pela sua aparência majestosa e crescimento rápido, ou em alamedas, devido à sua capacidade de estabelecimento rápido em condições de exposição, o facto de ser razoavelmente compacta e tolerar condições secas, assim como atmosfera poerenta. Também é geralmente plantada para agir como barreira de vento.

A sua madeira pode ser usada para construção em condições húmidas, visto que a madeira de amieiro é virtualmente resistente a decomposição debaixo de água. Fundações feitas com amieiro têm sido usadas para as casas e pontes de Veneza. Também pode ser usada para lenha. A planta cria um bonsai de médio a grande porte, que cresce rapidamente e responde bem a podas, com uma boa ramificação e uma folha cujo tamanho reduz com bastante rapidez.

Biodiversidade – Alnus spp. largam pólen de amentilhos (flores macho parecidos com pêndulos ou cachos) no final do Inverno e princípio de Primavera, de onde abelhas e outros polinizadores se alimentam.

Potencial de Fixação de Azoto – Alnus cordata não está listada na base de dados da USDA (United Stated Department of Agriculture) mas outras espécies deste género estão classificadas pela USDA como sendo uma FORTE fixadora de azoto com rendimentos estimados de +72kg/4050m² ou 0.018g /m2.

Para mais sobre esta planta (em inglês): Perfil da Alnus cordata ou aqui e aqui para referências em português.

 

TRIFOLIUM REPENS – TREVO BRANCO

Sobre a Espécie – O Trevo Branco é uma perene anã, prostrada que cobre o chão como um tapete que se espalha através de guias que livremente se enraízam ao longo do chão a partir dos nódulos. Facilmente estabelecível em solos medianos e bem drenados, com sol direto a sombra parcial. Prefere solos húmidos numa leve sombra, mas tolera sol direto e solos moderadamente secos.

Trifolium repens cobrindo o solo

Usos: O Trevo Branco tem sido descrito como a mais importante leguminosa de forragem das zonas temperadas. Além de fazer excelente forragem para animais, trevos são uma valiosa comida de sobrevivência; são ricos em proteína e, apesar de não serem facilmente digeríveis por humanos quando ingeridos crus, isso é facilmente resolvido fervendo a planta colhida durante 5-10 minutos. As flores secas e sementes podem também ser moídas para fazer uma farinha nutritiva e misturada com outros alimentos, ou podem ser utilizadas para fazer um chá ou tisana.

A capacidade desta planta de se espalhar agressivamente através das suas guias é bom para a cobertura do solo, e a sua tolerância a trânsito pedonal fazem desta espécie a minha favorita para utilizar em caminhos.

Biodiversidade – As plantas fornecem uma fonte de néctar e pólen a uma variedade de abelhas nativas, além da abelha melífera.

Potencial de Fixação de Azoto – A espécie está classificada pela USDA como sendo uma FORTE fixadora de azoto, com rendimentos estimados de +72kg/4050m² or 0.018g /m2.

Outras fontes declaram ser possível um rendimento de até 545 kg de azoto por hectar por ano.

Para mais sobre esta planta (em inglês): Perfil da Trifolium repens ou clica aqui e aqui para info sobre esta espécie em Portugal.

 

PLANTAS DE FERTILIDADE – MANUTENÇÃO DAS UNIDADES

A tabela abaixo indica a quantidade de plantas fixadoras de azoto por unidade e alguma informação sobre como estabelecer e manter este componente da policultura.

4. Componentes da Policultura: Fixadoras de Azoto. Trifolium repens semeado nos caminhos e Alnus cordata podadas ao tamanho de arbustos.

 

 

5. HABITAT DE POLINIZADORES – COMPONENTES DA POLICULTURA

Polinizadores fornecem um elo importante nos nossos ecossistemas, movendo pólen entre as flores e assegurando o crescimento de sementes e fruto. Abelhas nativas formam o grupo mais importante de polinizadores e eu tenho a certeza que ouviste dizer que estão presentemente sob ameaça de extinção devido às mudanças nas nossas paisagens, especialmente devido a perda de habitat e locais de nidificação.

O desejo geral por asseio resulta na remoção de solos nus, árvores moras, e recantos de ervas e relvas – todos esses espaços importantes para a nidificação das abelhas. O nosso design da policultura tem isto em consideração e inclui alguns habitats de nidificação importantes para as abelhas, nomeadamente troncos, espaços de solo nu e ranhuras entre rochas.

Água é também necessária aos polinizadores e incluir pequenas charcas pode ser muito benéfico, até essencial se o local não tiver uma fonte de água nas redondezas. Por esta razão incluimos uma pequena charca feita de pneu no centro da policultura.

Charco feito com um pneu e um tronco caído na nossa horta

5. Componentes de Policultura: Habitat para Polinizadores. Troncos (3), charca de pneu (2) com Orlas de pedras (2) e corredores de solo nu (1) fornecem locais de nidificação para abelhas e um habitat próspero.

Todos os componentes da Policultura Polinizadora

VARIAÇÕES NO DESIGN

As plantas e habitats desta Policultura Primaveril Polinizadora podem ser conjugadas de variadas formas. Podes considerar as plantas e habitats listadas acima como uma “palette” a partir de onde podes criar muitas formas.

Aqui estão algumas variações de design onde espaço é limitado.

O primeiro design é um círculo de 20m2 com todas as plantações cabendo sob a copa adulta do Corniso (Cornus Mas). É muito semelhante à primeira Policultura Primaveril Polinizadora que desenhei durante a implementação de um pomar em permacultura/policultura de 5ha onde estava a trabalhar à uns anos atrás.

O plano era incluir algumas espécies de forragem perenes e habitats para abelhas e outros polinizadores para apoiar as árvores de fruto e arbustos, e eu estava a ponderar sobre como integrar estas plantas. À medida que o design evoluiu observou-se que existiam espaços indefiníveis onde os corredores das árvores convergiam com as estradas de acesso e promontórios.

Os espaços não eram grandes o suficiente para árvores de fruto sem bloquear os acessos. Estavam dispersos de forma mais ou menos regular através da propriedade e eram ideiais para colocar a Policultura Primaveril Polinizadora.

Variação da Policultura Primaveril Polinizadora – 20 m2

Camada Inferior da Variação da Policultura Primaveril Polinizadora – 20 m2

As plantas podem também ser plantadas mais densamente para plantações em cerca e para subdividir a área. A disposição de plantação seguinte pode funcionar bem para cercar, com uma linha de 20cm de flores de bolbo e cobertura de solo a correr paralelo à cerca. O Corniso e as Aveleiras podem ser deixadas para crescer “ao gosto do freguês”.

Parede de Policultura Primaveril Polinizadora – Uma linha de 8 m de cerca natural

Aqui tens uma lista de outras espécies que fornecem néctar/pólen no início da Primavera para abelhas e outros polinizadores. Pessoalmente não cultivei todas as plantas desta lista mas parecem ser adequadas.

O PROJETO DE POLICULTURA

Vale a pena relembrar que este design não é de sucesso definitivo. Baseado na nossa experiência e prática estamos confiantes que a policultura irá ao encontro dos seus objetivos de design, mas apenas experimentando o sistema vivo revelará as verdadeiras forças e fraquezas e onde poderão ser feitas melhorias. Portanto, iremos plantar 3 unidades deste design de policultura no nosso estudo policultura perene em Shipka esta Primavera e anotar a performance ao longo dos próximos anos.

Mais tarde no ano iremos publicar a nossa experiência a estabelecer esta policultura com o objetivo de delimitar, passo-a-passo, como preparar o terreno, plantar, podar, irrigar e colher esta Policultura de Polinização Primaveril.

Ilustração do novo Jardim Experimental Perene em Policultura  com inicio em 2017

Paul Alfrey do Projeto Ecológico Balkan, https://www.facebook.com/Balkan-Ecology-Project-246348042094658/, introduz a policultura para fornecer apoio à polinização para quintas e jardins, rende frutas e nozes nutritivas, valiosos pontos de nidificação para abelhas em risco, e visões florais estupendas para acabar com o Inverno – http://balkanecologyproject.blogspot.bg/2017/01/the-early-polleniser-polyculture.html

Publicação Original: http://balkanecologyproject.blogspot.com.au/2017/01/the-early-polleniser-polyculture.html

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